domingo, 30 de março de 2008

Darwin

O Museu Histórico Nacional está abrigando uma exposição sobre Charles Darwin. E o grande mérito mesmo da exposição é contar o processo através do qual Darwin chegou à sua teoria.

A Teoria da Evolução, em si, é uma idéia espantosamente simples. Parece incrível, à primeira vista, que a humanidade só tenha descoberto os mecanismos envolvidos no século XIX.

Acho que todos que lêem este blog estão familizarizados com a teoria, ela se baseia na idéia de que todas as espécies de seres vivos são produto de um processo de ramificação que partiu de uma única espécie.

Me perdoam se eu escrever alguma merda no parágrafo que se inicia, afinal não sou biólogo, e sempre há alguma exceção nesta doideira que é o mundo dos seres vivos. Mas se houver caca, ela não comprometerá a idéia a ser passada. Sabemos que os seres vivos têm a capacidade de gerar novos indivíduos cuja informação genética se baseia nos seus genes, seja de forma sexuada (vuco) ou assexuada. No caso da reprodução assexuada, o novo indivíduo contém uma cópia das informações genéticas de seu genior; no caso da reprodução sexuada, a informação genética do novo indivíduo é uma combinação das informações genéticas dos seus dois genitores. Acontece que este processo de cópia ou combinação das informações genéticas não é perfeito. O erro inesperado neste processo de passagem das informações é a mutação. As mutações podem levar a uma nova capacidade, que deixa o filho mais capaz de sobreviver e procriar no ambiente onde vive, ou (como acontece na maioria das vezes) pode levar a uma constituição física que diminua a capacidade de sobrevivência e reprodução. Portanto, se os indivíduos têm informações genéticas diferentes, existe variação genética dentro de uma mesma espécie. Algumas diferenças na informação genética tornam alguns indivíduos mais aptos a sobreviverem, a ponto de se reproduzirem com mais sucesso que outros. Como na natureza, normalmente, não há recursos suficientes para que os indivíduos de uma espécie se reproduzam na sua capacidade máxima, os que têm maior capacidade reproduzem mais do que os outros. A informação genética dos indivíduos mais aptos, então, é repassada a mais indivíduos do que as outras informações genéticas. Portanto, uma capacidade que torna indivíduos mais aptos tende a se tornar um padrão para uma espécie. Uma mudança drástica pode levar a uma ramificação, com a criação de uma nova espécie baseada na antiga, mas não idêntica. Daí, a ciência pôde concluir que o homem e o macaco têm ancentrais comuns, os mamíferos também têm etc.

Se pensarmos nestes mecanismos, podemos entender porque o homem demorou tanto a descobrir a própria Teoria da Evolução. Por inúmeras gerações, fomos adaptados para aumentar nossa capacidade de sobrevivência em um ambiente natural. Portanto, temos uma grande capacidade para nos mantermos vivos, caçar, reconhecer perigos, fugir, estabelecer relações com outros humanos de forma a conseguir uma posição favorável para procriar etc. Nossos ancestrais durante este tempo todo não foram selcionados por terem capacidade de entender qual o sentido da vida ou qual a nossa origem ou qual nosso papel no universo.

É interessante descobrir, com a exposição, como Darwin teve que SE convencer antes de tentar convencer os OUTROS de que tinha tido um insight tão elucidativo sobre os fundamentos da humanidade. Darwin não partiu de uma idéia abstrata, como parece ter acontecido com outros grandes cientistas como Newton e Einstein. Por observar profundamente a natureza, Darwin acabou se deparando com uma série de fatos, que se apresentaram como peças de um quebra-cabeça que ele conseguiu montar a muito custo. Estes fatos se mostraram evidências de que sua teoria era bastante consistente. Darwin vinha de uma família religiosa e chegou a se formar como pastor (não de ovelhas ou cabras, mas de fiéis religiosos, pastor de igreja mesmo). A exposição conta que Darwin era uma criança muito observadora. Ele colecionava besouros, ficava contemplando plantas. Ou seja, era uma criança bem estranha. Aos 22 anos, ele teve a oportunidade de viajar durante 5 anos por várias partes do mundo. A viagem era bancada pelo governo britânico e tinha como objetivo mapear os portos, principalmente da América do Sul, e tornar mais precisos os mapas da época. Esta viagem foi a oportunidade necessária para que Darwin fizesse observações geológicas e biológicas em vários ambientes naturais diferentes. Graças à sua grande capacidade de perceber detalhes na constituição dos seres vivos, e às posteriores análises feitas já na Inglaterra, a partir do material e das anotações coletadas, Darwin pôde perceber evidências muito fortes de que as espécies evoluem a partir de outras. Darwin manteve suas descobertas em segredo. Ele tinha medo de como a sociedade cristã iria encarar a pulverização do dogma do criacionismo, pelo menos do jeito que se imaginava, tendo como referência o Gênesis. Apenas quando um outro cientista surgiu com idéias similares à teoria da evolução, que Darwin viu que estava sentado em cima do conhecimento com o qual a humanidade poderia chegar onde jamais havia chegado quando pensamos no (ou na falta de) sentido da nossa presença no Universo.

Pra mim, tudo o que todos os filósofos antes de Darwin escreveram sobre o comportamento humano é visão míope e empírica da realidade. Pelo menos o que chegou a nós, vai ver que um Asteca, sei lá, já tinha descoberto alguma coisa... Mesmo o que escreveram pensadores posteriores a Darwin, mas que não levaram a evolução em consideração, como Freud, é apenas interpretação intuitiva. É como se essas idéias fossem apenas quadros pintados por artistas talentosos. Enquanto o conhecimento gerado a partir do uso das premissas da seleção natural, em conjunto com o conhecimento que estamos adquirindo sobre o cérebro, fosse fotografia. Essas fotografias ainda não têm a resolução que terão certamente no futuro, mas já conseguimos ter uma visão real de como a cabeça humana funciona.

O cientista Steven Pinker é um grande aglutinador e divulgador deste conhecimento, gerado por várias equipes de cientistas espalhadas pelo mundo. Vale a pena ler dois livros que ele escreveu: "Como a mente funciona" e "Tábula rasa". No primeiro, ele discute o que sabemos hoje sobre como o cérebro é organizado, tendo em vista os mecanismos da seleção natural. No segundo, ele discute por que não podemos acreditar que o ser humano vem ao mundo como um papel em branco no qual podemos imprimir livremente a personalidade que quisermos por meio de metodologias de educação, pela criação dos pais, ou por qualquer tipo condicionamento artificial.

Sei lá, quis começar por este post porque realmente esse conjunto de conhecimentos tem me influenciado muito na forma de entender o comportamento das pessoas. E eu, talvez até meio ingenuamente às vezes (vou tentar que sejam poucas vezes), provavelmente vou me remeter a essas idéias em muitos posts. Tenham paciência!

Mulheres não tão de Chico

O que foi o bloco Mulheres de chico, que saiu logo depois do carnaval? Pegadinha do malandro?
Não tinha nada além de uma multidão de pobre coitados, como eu, enganados pela divulgação de que ali haveria um bloco de mulheres tocando músicas de Chico Buarque, naquele local, naquele horário. Mas cadê? Onde? An? Oi?
Havia uma batucada desordenada, que não tocava nada que fosse do Chico. Se não era isso, talvez o "Mulheres de Chico" fosse em um outro sentido, e eu que entendi errado...
Pode ser... O Bruno me disse que quando perguntou pra uma Mulher o que estava havendo, e ela respondeu que o bloco já tinha acabado porque o tempo estava ameaçando chuva.
É bem verdade que caiu sim uma leve chuvinha. Eu lembro.
Mas como assim? Que tipo de foliãs são essas?! O bloco sai uma vez por ano, e vai amarelar por causa de uma chuvinha? E eu e todos os foliões que brincaram o carnaval inteiro debaixo de chuva incessável, sem perder um pingo de alegria? O que foi o Boitatá esse ano? Uma chuva de folia inesquecível, de ficar com as mãos enrrugadas e com o riso estampado no meio da cara, feliz.
Onde essas Mulheres estavam naquela manhã chuvosa de domingo de carnaval? Acho que dormindo, ou tomando um Ponstan e botando bolsa de água quente na barriga!

marchinha da bolota

Bota loló na bolota meu bem
bota! bota!
bota você também!

Saí de pierrot nesse carnaval
Tava apertado fui na banca de jornal
Saí de pierrot nesse carnaval
Tava apertado fui na banca de jornal
Li a notícia, que delícia, que delícia!
Li as notícias de domingo:
tá tudo indo, ta tudo indo!

Não adianta, eu vou mijá na banca!
Não adianta! Não adianta!
Não adianta, eu vou mijá na banca!
Não adianta! Não adianta!

Segunda feira tem notícia no jornal!
Não me leve a mal! Não me leve a mal!
Eu vou mijá lá na banca de jornal!

O loló na bolota