quinta-feira, 3 de abril de 2008

Dengue

Estava eu parado num ponto de ônibus, tranquilo, esperando minha namorada sair do trabalho, quando senti aquela dor pontiagúda no antebraço. Olhei na hora e ainda deu tempo de ver o assassino voando à minha volta, impune. Ah, mosquito filho da...
Meu braço, com um caroço imenso no local do ataque, doía. Coçei, óbvio. Impossível não coçar. Dei a primeira coçadinha, quando pensei: Será que não é bom coçar? Será que eu estou espalhando essa...? Não coçei mais. Dava uma vontade tremenda, mas eu aguentei. Firme.
Quando cheguei em casa começei a beber água como um andarilho perdido num deserto. Bebi litro e litros de água, pra mijar muito. E pouco tempo depois estava eu, repetidas vezes no banheiro. Mijei muito. Cada mijada que eu dava, pensava que saía de dentro de mim o vírus assassino. Eu estava me lavando por dentro. Dei o primeiro suspiro de alívio na quarta mijada. Não sei se adianta, mas, pelo menos água não faz mal.
No dia seguinte acordei com uma dor no corpo muito estranha. Me apavorei de repente quando lembrei do mosquito. Ah, mosquito filho da... Estava quase desesperado, arrancando os meus próprios poucos cabelos, quando eu pensei que podia ser do futebol que joguei na véspera. Foi pesado. E eu estava há um tempo afastado da bola. Suspirei fundo, o segundo. Era isso mesmo, beleza.
Pouco depois que cheguei no trabalho me bateu uma dor de cabeça de repente. Puts! Ah, mosquito filho da... A dor de cabeça ficou mais forte quando lembrei da fuça do assassino.
Tentei esquecer a idéia, trabalhar um pouco, mas não saía da minha cabeça o Willian Bonner falando no jornal nacional sobre mais uma morte, vítima da dengue, no Rio. Todas as noites nessas últimas semanas... A dor de cabeça aumentou.
Sem conseguir me concentrar no trabalho, me levantei. Andei de um lado pro outro da sala, pensando no que fazer. Qual seria a hora de baixar no hospital? Preciso acabar com essa dor de cabeça e trabalhar. Que remédio não pode tomar mesmo? Ih! Ah, mosquito filho da...
Quando cheguei em casa ainda não tinha certeza se eu era mais um no grande número de casos de dengue no Rio, mas estava certo de que era mais um caso evidente de pessoa acometida pela neurose da dengue. No Rio.
- Faz tudo o que você quiser, amor. Só não liga a televisão na hora do jornal.

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História veridicamente real, verdade verdadeira, roubada de um amigo meu. Os palavrões eu subentendi no texto, porque esse é um blog de família.

Um comentário:

Gustavo disse...

Que viadinho. Deve ter tomado picada da namorada, algum Waldemar. Isso aí no 37...